Figura anticorrupção sudanesa libertada na véspera de acordo político
Um proeminente político sudanês foi libertado da prisão no domingo, um dia antes da coalizão civil à qual ele pertencia assinar um acordo inicial com os militares para encerrar um impasse político desencadeado em outubro de 2021 por um golpe.
O acordo-quadro envolveria, de acordo com uma cópia vista pela Reuters, uma transição política de dois anos liderada por civis, na qual o papel dos militares seria limitado a um conselho de segurança e defesa liderado por um primeiro-ministro.
Mas não dá tempo para um acordo final e deixa questões delicadas, incluindo justiça de transição e reforma do setor de segurança, para negociações adicionais. Já enfrentou oposição de grupos de protesto antimilitares e facções islâmicas leais ao regime de Omar al-Bashir, deposto em 2019.
O político esquerdista Wagdi Salih, que foi libertado em uma delegacia de polícia na capital Cartum, estava à frente de um comitê anticorrupção encarregado de desmantelar o regime de Bashir.
O Sudão está sem primeiro-ministro desde o golpe do ano passado, que interrompeu um acordo de compartilhamento de poder entre os militares e a coalizão Forças para a Liberdade e Mudança (FFC) que deveria levar a eleições democráticas. O FFC chamou a prisão de Salih em outubro de “puramente política”.
Depois de mais de um ano de protestos em massa contra o golpe e com a longa crise econômica do Sudão agora estagnada depois que bilhões de dólares em assistência financeira internacional foram suspensos, os militares adotaram recentemente uma postura mais conciliatória em relação aos grupos pró-democracia.
Enquanto isso, endureceu seu tom contra os apoiadores islâmicos do regime de Bashir.
Os militares e o FFC disseram esta semana que pretendiam assinar o acordo-quadro na segunda-feira, e o vice-líder do atual conselho governante no domingo se reuniu com algumas poderosas ex-facções rebeldes que questionaram o acordo, instando-os a apoiá-lo.
As negociações foram facilitadas pelas Nações Unidas, Estados Unidos, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos, entre outros.