Na Copa do Mundo, o Brasil joga futebol e política


Quando o pentacampeão Brasil subir ao palco em sua primeira partida eliminatória da Copa do Mundo contra a grande surpresa da Coreia do Sul na segunda-feira, a maioria dos brasileiros deixará as divisões políticas de lado para se unir em torno da seleção nacional de futebol em sua busca por outro troféu no Catar. Mas nem todos.


Em um país onde o futebol é seguido como uma religião, o time se tornou mais um foco de polarização política em meio às consequências das recentes eleições presidenciais. De um lado estão os obstinados torcida (apoiadores) do ex-presidente de extrema-direita Jair Bolsonaro, que fez campanha pela reeleição vestindo a primeira escolha do time canarinha (amarelo canário).

Do outro lado estão os torcedores do presidente eleito de esquerda, Luiz Inácio Lula da Silva, que acusa os bolsonaristas de cooptar a cor amarela e agora veste com orgulho o azul — a segunda camisa do Brasil — para torcer pelo país. Ou seja, hoje em dia a cor da camisa que você veste na seleção mostra se você é do Bolsonaro ou do Lula.

(Alguns) jogadores escolheram um lado. Na corrida para a votação presidencial, a megaestrela Neymar chocou muitos ao endossar Bolsonaro para seus 188 milhões de seguidores no Instagram. O gesto irritou muitos torcedores com o jogador mais caro do mundo, que se machucou na estreia contra a Sérvia e espera voltar contra os sul-coreanos. A resposta de Neymar aos haters: ele quer ganhar a Copa do Mundo e dedicá-la ao presidente.

Mas o atacante do PSG está em desacordo político com dois grandes nomes: Richarlison, artilheiro do Brasil até agora, e Tite, o técnico.

Richarlison – que dá ao escritor do Signal Alex Kliment fortes vibrações de Blade Runner – tem falado abertamente sobre a promoção das vacinas COVID que Bolsonaro odeia. Enquanto isso, Tite tem sido publicamente tímido sobre sua política, mas o bolsonaristas suspeito que ele seja esquerdista porque tratou o presidente com indiferença e costumava dirigir o Corinthians, um clube com uma rica história de apoio à política progressista em São Paulo.

Não é a primeira vez que a seleção da Copa do Mundo se envolve na polêmica política brasileira. Antes de vencer a edição do México ’70 liderada por O Rei (Rei) Pelé, a oposição democrática acusou os jogadores de serem marionetes da junta militar que comandava o país na época. E na Espanha de 82, o capitão Sócrates trolou os generais usando uma bandana pró-democracia. Mais tarde, ele fundou um movimento democrático no Corinthians e deixou o Brasil para jogar na Itália até que os militares concordassem em renunciar.

Mais recentemente, Tite esnobou o presidente quando este tentou levar o crédito pela vitória do Brasil na Copa América de 2019 e, novamente, por sediar a edição de 2021 em meio à pandemia. O treinador diz que se o canarinha ganha o tão esperado o hexa (sexta Copa do Mundo) no Catar, ele não irá a Brasília entregar a taça a Bolsonaro.

O próximo inimigo veste … vermelho. Será que enfrentar os sul-coreanos, time que joga com a cor do comunismo — e o próprio Partido dos Trabalhadores de Lula — vai deixar os torcedores de Bolsonaro ainda mais fervorosos em sua torcida pela seleção? Enquanto o Brasil vencer, fiquem tranquilos que (quase) todo mundo vai se divertir e sambar a noite toda.





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